sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O Nome da Aventura: Dicas de Nomes Para o Seu Personagem.

      Após um ano longe do blog, retorno a ativa com uma postagem que pode ajudar tanto jogadores iniciantes quanto mestres experientes.
      Vamos dar nome aos bois!
      O processo de criação de um personagem de RPG pode parecer complicado no início, principalmente para quem não está familiarizado com o sistema ou não gosta de matemática... ou ambos. Entretanto, qualquer jogador com um pouco mais de experiência já percebeu que, após criar algumas fichas naquele sistema favorito e jogar um pouco com seu personagem, mesmo aquelas incontáveis tabelas do livro do mestre deixam de ser complexas e assustadoras e se tornam até divertidas. Afinal, já está tudo pronto e esquematizado, cabendo ao jogador apenas escolher o que ele quer e o que não quer que seu personagem tenha.
      Existe uma parte da ficha, entretanto, que é considerada sempre a parte mais difícil de todo o processo, sendo, inclusive, deixada por último na maioria das vezes: a escolha de um nome para o seu personagem.
     Talvez porque esta seja a única parte da ficha que não possua tabelas ou esquemas pré-determinados, tendo que partir única e exclusivamente da mente do jogador, talvez porque o nome seja o que determine como o personagem é e porque irá acompanha-lo enquanto o jogador quiser jogar com ele. O fato é que muitos rpgistas travam na hora de criar um nome para seu herói.
    Estarei trazendo aqui dicas que utilizo em minha mesa de jogo para ajudar os meus jogadores e, até mesmo para criar NPCs interessantes.
      A primeira característica que nos vem à mente, quando jogamos um RPG é: “Não estamos mais em nosso mundo real.” Isso é particularmente verdade quando se joga um RPG de Dungeons and Dragons ou outro RPG equivalente de fantasia Medieval (estilo Senhor dos Anéis e Crônicas de Nárnia). Os nacionalistas de plantão que me perdoem, mas não há nada melhor para dar um clima de exoticidade e mistério na história, do que utilizar-se de nomes estrangeiros. Nomes estranhos, exóticos, de significado desconhecido e pouco utilizados, irão servir para lembrar aos jogadores, enquanto durar a sessão de RPG, que a história que estão jogando não se passa no mundo em que eles vivem.
      Quando se ouve ou lê nomes como Arthur de Pendragon e Sir Lancelot, inevitavelmente vem a nossa mente a imagem de cavaleiros munidos de espada e armadura, enfrentando inimigos de reinos distantes. O mesmo acontece quando ouvimos os nomes D’Artagnan, William Walace, Rei Leônidas, Robin Hood, Conan, entre outros. Todos esses nomes são raros e exóticos e acabam se associando aos personagens que representam e ao cenário onde estão inseridos.

Athos, Porthos, Aramis, e Dartanhan: a simples menção desses nomes nos remete às aventuras de capa-e-espada.
      Dessa forma, quando se pretende criar uma história que se passe em um cenário semelhante à Europa medieval, nada mais lógico que procurar nomes de algum país dessa região para dar veracidade ao seu personagem. O mesmo é válido se estivermos jogando uma aventura que se passe em um cenário semelhante ao oriente médio ou o extremo oriente. Nesses casos, nomes Árabes ou Chineses para os personagens e lugares por onde eles passam  dariam um clima especial à aventura.
      Nesse sentido, a internet é, com certeza, uma ferramenta mais que imprescindível. Existem vários sites que apresentam exemplos de nomes por região do planeta e, até mesmo por época, como os sites que listo a seguir. Nessas páginas você, mestre ou jogador, poderá encontrar dicas e sugestões para criar nomes interessantes para suas aventuras.
      Outra característica que recomendo veementemente que os meus jogadores tenham em mente é a originalidade dos nomes. Sempre incentivo àqueles que desejam jogar minhas aventuras a criar nomes próprios para seus personagens, para que não aconteça na mesa de jogo a “projeção automática” de imagem na mente dos outros jogadores. Como isso acontece? Bem... Imagine a seguinte situação: você está começando a jogar um RPG com um grupo de amigos e resolve criar um guerreiro poderoso e honrado, descendente de uma família real. Você decide que quer sair pelo mundo em uma jornada de descoberta, ajudando as pessoas e aprendendo o valor da humildade, para ser um rei melhor no futuro, quando assumir a coroa de seu pai. Até aí tudo bem, entretanto, após assistir ao Senhor dos Anéis e, empolgado com o filme e com o seu personagem, você tem a “brilhante” ideia de dar ao seu personagem guerreiro o nome de Aragorn.

Viggo Mortensen deu vida, nos cinemas a Aragorn, o herdeiro de Isildur. 

      Não importa quantos desenhos faça ou quantas partidas joguem, sempre que alguém disser o nome de seu guerreiro, o que virá a mente dos jogadores será a imagem do personagem Aragorn, imortalizado nas telinhas pelo ator americano Viggo Mortensen, e não do personagem aventureiro que você criou.
      O mesmo pode ser dito para personagens icônicos como o William Wallace de Mel Gibson, o Rei Leônidas de Gerard Butler, Conan, o Bárbaro, de Arnold Schwarzenegger, Maximus de Russel Crowe, entre outros. Utilizar-se desses nomes é garantia quase certa de que seu personagem será lembrado apenas como “mais uma cópia do gladiador”, ou “mais uma cópia dos 300 de Esparta”.

      É claro que não estou afirmando que é proibido você se inspirar em um personagem que você conheça ou admire. Muito pelo contrário: é até mais fácil para o jogador e o mestre, mesmo quando são experientes, utilizarem-se de exemplos conhecidos para agilizar o processo de criação. Você só não precisa se prender ao que já está criado. Use como referência, não como regra.
William "Gibson" Wallace; Conan "Schwarzenegger"; Maximus "Crowe"Meridius e Leônidas "Butler": a imagem dos personagens se confunde com as dos atores que lhes deram vida.
      E, se você quiser homenagear algum herói famoso com seu personagem, isso ainda é possível, é só ser menos óbvio e utilizar-se de um pouco de sutileza e pesquisa. Por exemplo, nosso guerreiro-rei poderia se chamar Elfstan ou Tarkil, nomes com os quais o autor de O Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien, cogitou batizar o herdeiro de Isildur, antes de se decidir por Aragorn. Ainda seria uma homenagem ao Aragorn do filme, mas de uma forma menos óbvia.
      Mais exemplos: ao invés de chamar seu poderoso mago lançador de Bolas de Fogo de Gandalf, que tal chamá-lo de Olorin, nome pelo qual Gandalf era conhecido no passado? Ao invés de chamar seu cavaleiro honrado de Lord Arthur, porque não lhe dar um primeiro nome diferente e o sobrenome de Pendragon, o mesmo do famoso Rei? Ainda, no lugar de chamar seu bárbaro de Conan, porque não chama-lo de Amra, nome que Conan da Ciméria utilizava no passado e que aparece apenas nos quadrinhos?
      As homenagens ainda estariam lá, mas seria mais difícil aos jogadores associarem a imagem desses personagens ao herói que você criou.
      Outra estratégia muito utilizada ao se elaborar o nome de seu personagem é criar um título associado a alguma característica dele, seja física, psicológica ou momentânea, como um evento em uma batalha ou uma história do passado. Quer exemplos? Capitão Gancho; Thorin Escudo-de-Carvalho; Eric, O Ruivo; Ivan, O Terrível; Alexandre o Grande; Buffalo Bill; entre vários outros.
      Como isso funcionaria em um RPG? Simples: se o seu personagem é um bárbaro do norte que tem um soco poderoso, porque não chama-lo de Eric Ironhand (junção das palavras Mão=Hand e Aço=Iron, em inglês). Se ele é um ladino hábil com espadas, poderia chama-lo de Alex Sharpblade (Sharp=afiada, blade=lâmina).
      Os nomes em inglês servem para dar o “clima” de exoticidade à aventura, afinal, as histórias de cavalaria tiveram origem na Inglaterra medieval. Recentemente, eu e meus jogadores fizemos as pazes com a língua-pátria e percebemos que títulos em português, associados a nomes exóticos ou estrangeiros, rendem bons nomes para personagens aventureiros, não deixando nada a dever em sonoridade e imponência aos nomes “gringos”. Por exemplo: nosso bárbaro poderia se chamar Bron Punho-de-Aço e nosso ladino poderia se apresentar como Gildor Lâmina-Veloz. Bron é um nome de origem holandesa e quer dizer “origem” e Gildor é o nome de um elfo que aparece no livro O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel, e ajuda Frodo a deixar o Condado.
      A origem do primeiro nome do personagem não precisa ser uma regra fixa. O jogador pode ter ouvido uma palavra interessante em alguma outra língua e utilizá-la para nomear seu mago, ou talvez ele tenha pensado em um nome que nem existe, mas tem uma boa sonoridade. Isso não importa. O RPG permite essa flexibilidade, desde que o nome não fique ridículo nem soe ofensivo, logicamente.
      É claro que não devemos nos deixar levar pela empolgação.  Deve-se criar nomes eficientes, exóticos o bastante para serem marcantes, mas, ao mesmo tempo, simples o suficiente para serem lembrados na mesa de jogo. De que adianta você criar um poderoso gladiador ex-escravo com a imponente alcunha de Baltrandus Rompe-Grilhões, se os outros jogadores não guardam seu nome e ficam a aventura inteira se referindo ao seu personagem como “o guerreiro”, ou “o gladiador” do grupo?
      Se mantivermos em mente essas regras simples, os limites para a criação de nomes diminuem consideravelmente. Ao criar os títulos e sobrenomes para diferenciar nossos heróis, podemos utilizar várias referências tais como:
    Características físicas (Alderan Barba-Longa; Cletus Caolho; Siegrifid Longhair);
    Uma arma ou estilo de luta marcante que o personagem usa (Ethon Longsword; Kaldreus Escudo-de-Prata; Alexia Adaga-Veloz);
    O nome da cidade ou região onde ele nasceu (Robert de Rivercastle; Malek da Fronteira Longínqua; Erick do Forte Vigilante);
    Histórias de batalhas ou feitos heroicos que marcaram o personagem (Julian Guia-dos-Prados; Joselyn Battlesinger; Lauriel Fúria-de-Fogo);
    Títulos e posição social (Barão Von Stag; General Marcellus; Mago Allandrus);
    Alcunhas relacionadas ao trabalho (Brandon Fagulha, o ferreiro; Alana Rouxinol, a barda; Derek Fornalha, o padeiro);

Brandon Fagulha: o apelido é bem merecido
      De posse dessas informações e com estas regras básicas em mente, praticamente não há limites para a criatividade de mestres e jogadores.
      Ah, mas, mesmo assim faltou a inspiração?
      Que tal dar uma olhada nesses sites aqui:
            http://www.babynology.com/
      O primeiro site é um site americano sobre nomes para bebês. Os nomes estão divididos por região de origem e, com certeza, podem haver boas ideias ali. O segundo site trata de uma lista com sugestões de nomes medievais variados e o terceiro é um gerador aleatório de nomes, um recurso desesperado que pode ajudar a tirar o mestre e seus jogadores do aperto, em um último caso.
      Afora isso, a internet está cheia de sites de origem de nomes e, também, geradores de nomes, desde nomes de super-heróis até nomes élficos e anões. Basta aos jogadores pesquisarem um pouco, até encontrarem o que mais lhes ajudar no momento.
      Agora já sabem, caros amigos rpgistas: nada de Aragorns e Arthures em suas mesas de jogo hein?

      O RPG é um jogo que estimula a criatividade, então, deixemos essa criatividade aflorar.

Bram Ironhorn (chifre de aço): um dos personagens mais marcantes de minha mesa de jogo. mesmo anos depois de sua criação, o jogador que o interpretava e os outros membros da mesa ainda se lembram dele com carinho e admiração.

5 comentários:

  1. A matéria mais incrível que eu já li sobre nomes para personagens, meus parabéns! Vou dar uma olhada no seu blog, espero que ainda esteja na ativa! Sucesso!

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    1. Salve Lucas! Estou na ativa sim! Infelizmente a faculdade não deixa muito tempo, mas sempre que sobra um horário me dedico ao RPG, seja jogando ou postando aqui. Valeu pela força!

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  2. MAN GOSTEI VLW FICO ATE MAIS FACIO, ACHAR NOME

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    1. Verdade! Você vai ver que a medida que você se dedica a criar novos e divertidos nomes, seus personagens ficam inesquecíveis!

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